quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Amor de mãe

Eu acho que, com 22 anos, sou demasiado menina da mamã. E se é com muito orgulho que digo que sou uma princesa, isto de não cortar o cordão umbilical já é um caso mais bicudo. Há uma parte de mim que sente que não devia estar a dar esta despesa aos meus pais. Desde que tenho idade legal para trabalhar, só o fiz durante dois meses (ok, na verdade também não o fiz antes). Os meus pais sempre apostaram em mim: ensino com a cartilha na primária, colégio privado durante oito anos e mudanças de curso, sempre patrocinadas pela vontade de me ver vencer. Agora foi o Erasmus. Sei que, para muitos, dizer que se vai de Erasmus quer dizer que se vai para a borga. É claro que, daqui, espero muitas noites mal dormidas, muitos copos e muitas fotos de gente animada. Mas  não vim só à procura disso. Inscrevi-me em cadeiras de Publicidade e Marketing, área que me interessa bastante e sobre a qual gostaria de ter noções, e vim aprofundar algumas coisas do Jornalismo. Ter TV em inglês e Redacção, também em inglês, ajudar-me-á, espero, a preparar uma estadia prolongada em Londres. Outro objectivo era ver se me livrava do tal cordão que me prende pelo umbigo. Porém, depois de tantas tentativas falhadas de fazer a coisa certa, dei por mim a correr para o mesmo colo de sempre.

Já todos sabem da minha aventura com o quarto.
Hoje fui à procura de outro. Cheirava bem e tinha cozinha e casa de banho só para mim. Não era o ideal porque, quando se divide uma cozinha, fazemos mais amigos! Mas era agradável e ficava numa zona bonita, cheia de jardins A mulher mostrou-me o quarto e eu disse-lhe que ligava hoje, sem falta, a dar conta da minha decisão. Ela disse que sim, que tudo bem, e que esperava. Mais tarde liguei-lhe e ela disse que um rapaz foi lá, entregou dinheiro na hora e agora tem casa nova. Foi depois de mim, mas isso não interessa nada. Não interessa ética, não interessa compromisso, não interessa se quer ter consideração por outra pessoa. Pronto, a mim também não me interessa fazer negócio com alguém assim. Mas ter casa, isso sim, já era do meu interesse.

E a minha mãe não tem coragem para ir embora sem me deixar instalada. Portanto, toca de cancelar viagens e prolongar estadias no hotel.Eu não lhe pedi que viesse. No princípio até me irritou um bocadinho, porque eu queria era depender menos dos pais. Mas agora agradeço o facto de ter vindo. E apercebi-me de que, vir de Erasmus, com tudo pago pelos papás, não é nenhum grito de independência. É mais um investimento em nós, é mais um voto de confiança. Mas, ao pensar na merda de situação em que todos nós estamos - "para ser escravo é preciso estudar" - encho-me de medo que essa confiança em mim depositada seja o mesmo que atirar pérolas aos porcos...

Enfim, mas como tristezas não pagam dívidas, acabo com uma nota mais alegre: já fiz amigos! E vou viver para a mesma residência que eles, pelo menos durante um mês. Isto aconteceu graças a uma senhora simpática que, mesmo tendo as vagas todas preenchidas, me fez o jeitinho de ficar num quarto para dois ao preço de um, pelo menos até Março. Assim dá-me tempo de procurar outra coisa enquanto vivo feliz. Afinal ainda há pessoas com quem vale a pena negociar...

2 comentários:

  1. ohh admito, também ia ter esse problema do cordão umbilical para tomar a decisão de fazer Erasmus! por isso é que ainda é algo muito vago no meu pensamento, mas adorei as cadeiras em que vais investir, deve ser óptimo para futuro (:

    Amiguinhos, casinha, estás a integrar-te :P tão poucos dias depois de teres ido, parece-me muito bem :D eheh força nisso darling

    beijinho e actualiza-nos sempre :) quando andares na borga teremos tempo de sentir a tua falta eheh

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