terça-feira, 22 de março de 2011

Três dias em Estocolmo



No dia 3 deste mês fui a Estocolmo. Fui convencida pelos meus amiguinhos daqui com uma viagem de oito euros, ida e volta, e a promessa de que teria alguém a segurar a minha mão durante o voo, porque eu borro-me de medo dos aviões! Na véspera estávamos todos descansadinhos a almoçar - às quatro da tarde e ainda em pijama - quando entra a Virginia pela cozinha dentro com uma expressão de pânico no rosto. "Amanhã há greve dos comboios, temos de ir ainda hoje para o aeroporto e passar lá a noite", disse ela. E pronto, foi uma correria. Oito macacos a meter roupa para dentro das malas, a despachar trabalhos que tinham de ser entregues antes do fim-de-semana e a fazer sandes para a noite, que se adivinhava longa.

Chegámos ao aeroporto e ainda eram onze da noite. A viagem estava marcada para as nove e meia da manhã e, como tal, arranjámo-nos como pudemos par ficarmos minimamente confortáveis. Perto da meia-noite os rapazes italianos, o Alessandro e o Giacomo, chamaram-me discretamente. "O que foi?", perguntei. E mostraram-me uma garrafa de champanhe. "É para os anos do Xabi, que são amanhã... Distrai-o!" E lá levei o Xabi à máquina de café, para investigar que bebidas para lá havia. Dez minutos depois fomos rodeados pelos outros e eu acabei por levar um banho de champanhe por solidariedade para com o aniversariante... E afinal não era uma, mas quatro garrafas. Portanto, pobres, a dormir no chão do aeroporto,  mas com champanhe.

Já perto da hora de embarque alinhámo-nos todos na fila para mostrar o nosso bilhete de identidade. A Marina procurava, procurava e não encontrava e, já perto das lágrimas, disse que o tinha deixado no bolso das calças do dia anterior. Nos tentámos tudo: fomos à Polícia dizer que alguém tinha roubado a carteira - e pusemos os guardas a ver as camaras de vigilância - fomos ao balcão da Ryanair, propusemos ir até à embaixada espanhola para arranjar identificação provisória... Mas nada! A Marina ficou mesmo em terra e eu nesta altura já só queria ficar com ela. Lá tiveram de me convencer a embarcar outra vez e, quando me sentei no avião, tinha mais gente a querer dar-me a mão do que mãos para lhes dar!
Quando chegámos a Estocolmo fui surpreendida pela neve. Sim, já me tinham dito que, muito provavelmente, ia encontrá-la, mas nunca pensei que fosse naquela quantidade! Eu nunca tinha visto neve na vida e para mim os primeiros cinco minutos foram muito lindos, depois confesso que fiquei enjoada. Ora bem, a neve pode ser muito branquinha e muito bonita, mas tem um inconveniente: para nevar é preciso estar muito frio. Muito, muito frio! E eu tinha uma tshirt, duas camisolas e um colete. E o casaco gigante e feio que dói por cima. Mas eu queria lá saber de modas! Ainda enfiei um gorro, umas leggings, calças e dois pares de meias daquelas de lã, muito grossas. À minha volta os suecos andavam a dizer que estava muito calor e que parecia quase Verão. Eu acho que aquela gente não sabe viver. Vi montes de indivíduos quietos, cara voltada para o Sol e olhos fechados, a aproveitar o "calorzinho". Era como se estivessem na praia, mas cheios de cachecóis e luvas e afins. Enquanto isso comiam gelados e eu desesperada por uma bebida quente. Outra coisa chata dos países frios é o gelo no chão. De que serve não ter na Suécia a calçada portuguesa que não deixa andar de saltos, se temos uma fina camada de perigo iminente? A minha derrière não aprovou. Andei dorida por três dias!

Mas sim, é tudo muito bonito. Eu no fim até disse que era giro ir para uma casinha de praia com uns trinta graus lá fora e ter postais da Suécia pendurados na parede. Aquelas paisagens davam postais mesmo giros! E lá na Suécia têm cidra, aquela espécie de cerveja com sabor a pêssego, frutos vermelhos, pêra... Eu gostei muito e estava a beber muito entusiasmada até perceber que cada uma tinha 10% de álcool. Não teve importância, ao fim de quattro já nada me deixava muito aborrecida.

Enfim, Estocolmo é, de facto, uma cidade muito bonita. Não a achei muito prática, mas deve ser uma questão de hábito porque vi lá uma rapariga com uns saltos enormes e também vi um homem a correr (o que me fez ter vergonha de parecer uma pata choca a andar na rua). Gostava de a ver no Verão porque me disseram que é tudo muito verdinho, mas não é este ano, de certeza! Depois de tantos dias na arca frigorífica, em Julho vou mas é para a praia e para os quarenta graus à sombra, que lá é que se está bem!



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